A chegada das barcas sempre gerou uma grande expectativa para ver quem vinha nelas e, ainda hoje, muita gente se reúne na Estação para esperar parentes, amigos, ou namorados; da mesma forma que o fazem também para despedirem-se deles nos horários de saída das embarcações.
No tempo da Cantareira era comum as pessoas entrarem na Estação e esperarem as barcas encima do flutuante e até mesmo entrarem nelas, juntamente com os passageiros que estavam desembarcando, para apanharem embrulhos e outras encomendas, antes de que os passageiros que iam para o Rio (para a Cidade do Rio de Janeiro) embarcassem nelas.
Nos meus tempos de menino, "esperar a barca" era sempre "um acontecimento", na espectativa de ver o que meu pai trouxera para nós: revistinhas, gulozeimas, ou algum brinquedo especial... E quando, por alguma razão, ele não chegava no seu horário habitual, era sempre uma grande frustração para nós, que ficávamos, então, contando os minutos para a chegada da próxima barca. Esse foi um dos melhores tempos da minha vida. Década de 50. Quando eu tinha 9 anos de idade e o meu único compromisso era com a escola, além do que, era só brincadeira, como mergulhar "da escadinha" ou também ... escondido ... da barca, de onde eu também mergulhava e "apanhava reboque" na corrente do leme da pôpa, coisas de que os meus pais nunca souberam e que eu também nunca contei para os meus filhos durante todo o tempo em que existiram as barcas da Cantareira e que só o fiz quando elas deixaram de trafegar ...
Vieram depois as lanchas da STBJ, transformada mais tarde na CONERJ ( Companhia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro ) e, então, ficaram para atrás todas aquelas estrepolias que nós fazíamos nas velhas barcas da Cantareira, das quais ainda guardo na lembrança, com muito carinho, a QUINTA, a TERCEIRA, a SÉTIMA, a MARTIM AFONSO, a IMBUHY, a ICARAÍ, a GUANABARA, e a CUBANGO ...
Que saudade dos meus tempos de menino! ...
Velhos tempos que não voltam mais! ...